Quem sou eu para educar?

Quem sou eu para educar?

Nasci no sertão, primeira filha de uma família típica pernambucana, com seis filhos. Desde muito cedo, mamãe, uma costureira, ao seu modo, apresentou-me conceitos que, até hoje, me possibilitam o maior número de conexões e, principalmente, me ensinaram a ser gente.

“Escreveu, não leu, o palco é meu. Quando chegar, quero encontrar pronto e só te ensino uma vez.” Esse é o tripé que estrutura essas conexões, e após os filtros mentais, percebo que mamãe demonstrou, sua competência amorosa, disseminando os valores universais, projetando-me que me projetaram para um mundo de possibilidades, para que eu desenvolvesse minhas múltiplas potencialidades criativas e para resolver problemas.

Cedo, aprendi o significado do verbo “cuidar”. Cuidar de mim, cuidar da casa, cuidar da roupa. Também aprendi que para ser, é preciso transgredir. “Graça, vem cuidar, menina.” Ainda ouço esse chamado. A resiliência foi e continua sendo uma aprendizagem constante de superação.

Ao entrar em contato com essas potencialidades, percebo que como fui criada garantiu a minha busca constante por um mundo melhor.

Sou curiosa e falante. Amo maiêutica! Tenho uma alma animada e, principalmente, gosto de gente. Ao final deste ano, posso contar com orgulho que, aos meus 48 anos de convivência na e pela educação, percebo que me tornei uma pessoa melhor, entendendo que a palavra tem poder e que, antes de tudo, educar é um ato de amor, presente em cada gesto, em cada olhar, em cada toque. Aprendi intensamente sendo mãe.

Ampliando a dimensão sistêmica do meu aprendizado, com papai aprendi os primeiros conceitos de sustentabilidade por ações simples, mas pedagógicas e sofisticadas: “Volte e apague a luz. Feche a torneira para escovar os dentes.” Sinto-me uma profissional consciente e sei qual é o meu lugar no mundo. Afinal, mamãe desempenhou muito bem seu papel de ser meu farol.

Na caminhada em busca de quem sou eu, conheci e convivi com pessoas surpreendentes de áreas diversas que influenciam o eterno e infinito desejo transdisciplinar de me dedicar ao despertar do potencial humano, sempre sustentada por uma proposta centrada nos valores humanos.

Alguns penduricalhos vieram com a jornada acadêmica como professora, pedagoga e orientadora educacional. Outros, tão ou mais importantes, só poderemos perceber quando caminharmos juntos, ousarmos olhar nos olhos, nos abraçarmos e sentirmos a nossa ecologia pessoal.

Sou, Graça Santos, uma cidadã planetária. Vamos caminhar juntos?

Trecho extraído do livro Coaching Educacional, de minha autoria. Esta obra marcou a publicação do meu primeiro livro em 2012 – Editora Leader.1

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Orientando

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