Infância Conectada: Um convite à reflexão com a Escola de Pais OQO

Infância Conectada: Um convite à reflexão com a Escola de Pais OQO

Ao refletir sobre o comercial “Born For The Internet” da MTS, que utiliza um recém-nascido demonstrando um domínio inato da tecnologia, sou convidada a pensar profundamente sobre a relação entre as novas gerações e o ambiente digital em que nascem. Minha experiência como orientadora educacional, com foco na primeira infância e na cidadania digital, oferece uma perspectiva valiosa para analisar este fenômeno.

A Mensagem do Comercial e a Realidade da Infância Digital

O vídeo, de forma lúdica e exagerada, captura uma percepção comum: a de que as crianças de hoje parecem já nascer “conectadas”. A imagem do bebê cortando o cordão umbilical após uma pesquisa no Google e postando selfies no Instagram é uma metáfora poderosa para a rapidez com que a tecnologia se integra às vidas desde o berço. Para mim, que atuo na educação e na orientação familiar, isso levanta questões importantes:

  • Nativos Digitais X Nativos Conectados: Embora a expressão “nativos digitais” seja amplamente utilizada, o comercial sugere algo além: uma “natividade conectada” intrínseca, onde a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas uma extensão da própria existência e desenvolvimento. Isso ressoa com minha observação sobre a importância de guiar “os guias de amanhã”, pois essa geração precisa de mais do que apenas acesso à tecnologia; precisa de orientação sobre como interagir com ela de forma saudável e ética.

  • Aceleração do Desenvolvimento e Expectativas: O bebê do anúncio realiza ações complexas para sua idade, brincando com a ideia de um desenvolvimento super acelerado impulsionado pela tecnologia. No entanto, na realidade, sei que o desenvolvimento infantil segue etapas cruciais, e a exposição precoce e desmedida à tecnologia pode, paradoxalmente, retardar ou desviar aspectos importantes do desenvolvimento cognitivo, emocional e social, sobre os quais tanto enfatizo, como a auto-regulação e a saúde mental infantil.

  • A “Magia” da Conectividade: O anúncio foca no deslumbramento com a capacidade tecnológica. No entanto, a filosofia de “Educar com o coração” e a importância do “afeto, o abraço, o olho no olho da criança, o beijo e a atenção” me lembram que a interação humana genuína e o vínculo afetivo são insubstituíveis e essenciais para o bem-estar infantil, independentemente do quão “conectado” o mundo se torne.

Implicações para a Educação e a Família

Este comercial, apesar de seu caráter humorístico, reflete uma tensão real que eu, como “orientadora educacional”, vivencio diariamente:

  • Responsabilidade Parental e Escolar: O domínio tecnológico do bebê no anúncio é apresentado sem consequências. Contudo, em meu trabalho, enfatizo a responsabilidade dos pais e educadores em guiar o uso digital, incluindo a definição de limites e a promoção da literacia midiática e cidadania digital. O comercial pode ser um ponto de partida para discussões sobre como equilibrar a inovação tecnológica com a proteção e o desenvolvimento saudável das crianças.

  • O Papel do Afeto na Era Digital: Meu lema “tece futuros com afeto, coragem e compromisso” é um contraponto crucial à frieza da tela. Mesmo que as crianças demonstrem uma facilidade impressionante com dispositivos, a necessidade de afeto e de uma rotina consistente (como menciono ser a chave para o sucesso na educação e no estabelecimento de limites) permanece fundamental. Como conciliar a conectividade com a necessidade vital de contato humano e desenvolvimento emocional?

  • Novos Desafios, Novas Orientações: O cenário retratado no comercial, embora ficcional, aponta para a necessidade contínua de projetos como o meu “Orientando Quem Orienta” e o programa “Escola de Pais”, do qual sou autora. É fundamental equipar pais e educadores com as ferramentas para entender e mediar a relação das crianças com a tecnologia, garantindo que o “ciclo da educação se multiplicar” inclua também uma educação digital consciente e humanizada.

Em suma, o comercial “Born For The Internet” é uma provocação divertida que, para mim, serve como um espelho para os desafios e as oportunidades da primeira infância na era digital. Ele me lembra que, por mais avançada que a tecnologia se torne, o cerne da educação e do desenvolvimento infantil continua a residir no afeto, na orientação e na construção de relações humanas sólidas.


Meu Motivo para Inserir o Vídeo no Site do Programa “Escola de Pais”: Costurando Saberes e ReImaginando Relações

A inclusão do vídeo “Born For The Internet” no site do programa “Escola de Pais”, de minha autoria, é uma estratégia intencional e poderosa para dialogar diretamente com as famílias e escolas sobre os desafios e oportunidades da era digital, promovendo a ideia de “costurar saberes e reimaginar relações entre famílias, escolas e filhos”.

O vídeo serve como um ponto de partida provocativo e visualmente impactante para a reflexão. Ele ilustra de forma hiperbólica a realidade de crianças que nascem em um mundo já imerso na tecnologia. Ao apresentar um recém-nascido com habilidades digitais avançadíssimas, o vídeo consegue:

  1. Chamar a Atenção Imediata: O humor e a surpresa gerados pela cena inicial do bebê, que deveria representar a inocência e a dependência, mas demonstra total autonomia digital, capturam instantaneamente o interesse de pais e educadores.
  2. Validar uma Percepção Comum: Muitas famílias e profissionais da educação sentem que as crianças de hoje possuem uma facilidade inata com a tecnologia. O vídeo exagera essa percepção, mas a torna palpável, abrindo espaço para discutir o que é realidade e o que é mito em relação aos “nativos digitais”.
  3. Gerar Questionamentos Essenciais: Ao ver o vídeo, pais e educadores são naturalmente levados a se perguntar:
    • “Como a tecnologia está afetando o desenvolvimento do meu filho?”
    • “Estou preparada(o) para guiar meu filho nesse mundo digital?”
    • “Quais são os limites e as oportunidades dessa conectividade?”
    • “Como posso proteger meus filhos dos riscos e aproveitar os benefícios?”
  4. Despertar a Necessidade de Orientação: A “super habilidade” do bebê no vídeo, embora divertida, pode também gerar uma sensação de despreparo ou inadequação nos adultos. Isso cria um contexto perfeito para apresentar o programa “Escola de Pais” como a solução, um espaço onde eles podem “costurar saberes” para entender esse novo cenário e “reimaginar relações” que integram a tecnologia de forma saudável.
  5. Criar uma Linguagem Compartilhada: O vídeo oferece um cenário comum e facilmente reconhecível para iniciar discussões sobre temas complexos como tempo de tela, segurança online, alfabetização digital, desenvolvimento socioemocional na era digital, e a importância do diálogo entre família e escola. Ele se torna uma ponte para abordar essas questões com leveza, mas com profundidade.

Como multiplicadora em educação midiática, diversidade e direitos humanos, vejo este vídeo como uma ferramenta pedagógica excepcional. Ele precisa ser visto como uma provocação lúdica, uma forma leve de gerar rodas de conversas e debates. O exagero do comercial abre portas para discutir a alfabetização midiática desde cedo, a importância de ensinar a pensar criticamente sobre o conteúdo que consumimos e produzimos online, e como a diversidade e os direitos humanos se manifestam (ou deveriam se manifestar) no ambiente digital. Ele nos permite questionar as narrativas e os impactos da tecnologia de uma maneira acessível, transformando o que poderia ser um tema árido em um convite ao diálogo e à reflexão crítica.

Ao inserir este vídeo, no site doprograma “Escola de Pais“, sinaliza imediatamente que compreende as minhas preocupações e a realidade das famílias contemporâneas, utilizando uma linguagem relevante para o público. Ele não apenas divulga o programa, mas o posiciona como um guia essencial para navegar os desafios e construir um futuro mais conectado e equilibrado para nossas crianças.

Orientando

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